Publicado originalmente em Aberje.com.br | 20/03/2017
Neste mês, comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Em todo o país, várias homenagens e manifestações aconteceram, e agitaram as opiniões, as avaliações de todos. O tema me fez refletir sobre a atuação das mulheres em postos de liderança, e o tanto que a forma de comunicar impacta nessas circunstâncias. Por coincidência, no final do mês fui assistir a um filme da Disney, “Moana – Um mar de aventuras”, e tive ainda mais informações para considerar.
A primeira coisa que me chamou a atenção foi o fato de termos uma “princesa” da Disney completamente atípica e não convencional! Moana é uma jovem polinésia bastante corajosa, forte, ousada, decidida… E não tem um par romântico! É uma heroína moderna e bem resolvida, que encara a missão de salvar o seu povo com todo o empenho e coragem. Ela é independente, apoia-se em referências femininas de sua família, e consegue lindamente o seu objetivo.
O caminho das nossas “princesas” de verdade, porém, não parece ser tão bem-sucedido assim, com honrosas exceções. Segundo uma pesquisa da Catho, 61,6% dos cargos administrativos nas empresas são ocupados por mulheres. Representamos 58,9% dos cargos em atividade de docência (veja como estudamos mais e caprichamos em nossa formação!), porém ocupamos apenas 15,77% dos cargos de alta liderança. Parece que nosso esforço todo tem nos levado a algum lugar antes do auge muitas vezes pretendido.
A grande vantagem feminina é a maior empatia. Temos mais facilidade para nos colocarmos no lugar do outro, o que nos traz benefícios e favorece muito as nossas relações. Somos também muito mais flexíveis, maleáveis! Essa característica favorece a nossa sobrevivência em ambientes hostis, em crises, e melhora os resultados que entregamos quando a dinâmica na empresa parece diferente da habitual.
Por outro lado, a grande vantagem masculina (e nosso principal ponto de melhoria) é o maior pragmatismo, a objetividade, a racionalidade. Quem sabe o que quer vai mais longe! Pesquisas mostram que mulheres jovens com essas características acabam chegando lá mais rapidamente… Mas muitas vezes não se sustentam!
No meu contato já de alguns anos com mulheres executivas, percebo que nós saímos de uma fase inicial, onde éramos poucas e o modelo era o masculino, para um momento no qual as características tipicamente femininas passaram a ser mais valorizadas e buscadas. Assim, nossa forma de nos comunicarmos se modificou. Lá atrás, as nossas roupas eram inspiradas no padrão masculino. Usávamos terninhos, blazers, paletós e calças compridas. Nosso modo de falar era mais duro, com expressão facial mais séria, gestos mais contidos. Imagine o trabalho para nos mantermos assim, geralmente tão longe da nossa maneira de ser! Evoluímos para a valorização das nossas características: adotamos um guarda-roupa mais feminino, aceitamos a nossa espontaneidade, e nos apropriamos de uma comunicação mais rica, com mais olho no olho, sorrisos, gestos naturais, tom leve. Que bom! Cada vez mais o mundo corporativo reconhece a importância da nossa contribuição. O caminho é árduo, mas estamos trilhando, estamos no processo! Também por meio desse meu contato trabalhando com profissionais, tenho a oportunidade de identificar alguns erros e acertos, que vou compartilhar com você.
Em primeiro lugar, vale o cuidado para evitar os extremos: o padrão mais masculino, ou uma certa infantilização da fala, com o uso exagerado de diminutivos, de palavras que revelam incerteza, como “eu acho”, “talvez”. A ideia é buscarmos clareza em nossa comunicação, assertividade. Para isso, defina previamente as suas mensagens. Articule os sons de modo amplo e preciso. Considere sempre o foco na ação, e na descrição clara do que espera do outro. Use e abuse de nossa capacidade de ouvir com atenção e envolvimento. E, principalmente, dedique-se a conhecer bem seus pontos fortes e seus pontos de melhoria. A nossa conquista é um caminho sem volta, que deve ser trilhado com empenho, boa vontade, amor e alegria! Aliás, características muito típicas de cada uma de nós.
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